Coreia do Norte aumentou suas ameaças de guerra, após sofrer sanções da Onu
Apesar do agravamento das ameaças por parte da Coreia do Norte, sul-coreanos que residem no Ceará não temem um conflito armado entre os países da região da Península Coreana. Para eles, a tensão criada pelo vizinho não representa um risco iminente
aos parentes que vivem na Coreia do Sul, pois as ameaças já são
conhecidas pela população, a qual também relata não se preocupar com um
possível ataque do norte-coreanos.Tae Jeong conta que sul-coreanos não acreditam em um ataque por parte da Coreia do Norte FOTO: Divulgação
Recém chegado ao Ceará de uma visita a sua terra natal, cidade de In Cheon, próxima à capital Seul, o CEO da Filial da Posco E&C, a Posco Engenharia e Construção do Brasil, Tae Hwa Jeong, de 53 anos, conta que os cidadãos sul-coreanos já estão acostumados e consideram essa tensão como parte do cotidiano.
Além disso, afirma que é de conhecimento dos sul-coreanos que o vizinho tem um histórico de utilizar este tipo de tática, quando está pleiteando algo com outros países. "Estes conflitos entre as duas Coreias sempre envolve outras superpotências, como Inglaterra, Estados Unidos e China. Então, sob a nossa ótica, acreditamos que uma possível ação por parte da Coreia do Norte é completamente impossível, uma vez que acarretaria em uma consequência maior, além do poder deles. Quem sabe até uma guerra mundial".
Nas últimas semanas, a Coreia do Norte aumentou suas ameaças de guerra, após sofrer sanções do Conselho de Segurança da ONU, em represália à realização de seu terceiro teste nuclear. O regime de Pyongyang quer que Estados Unidos e Coreia do Sul detenham as manobras militares conjuntas na região da Península Coreana.
Muitas diferenças dividem a região, um território divido entre extremos. Ao norte, o país mais fechado do mundo e com uma população cercada pela pobreza e ao sul, um país industrializado e aliado dos Estados Unidos, símbolo do liberalismo.
Coreia do Norte posiciona rampas de lançamento de míssil de longo alcance
Desde a última quinta-feira (11), rampas de lançamento de míssil de longo alcance apontam para o céu na Coreia do Norte, o que poderia indicar a iminência de um disparo. O governo dos Estados Unidos recomendou que a região Norte para de "brincar com fogo" e renuncie ao disparo de míssil. O presidente, Barack Obama, pediu à Coreia do Norte que detenha sua "atitude agressiva".
Mesmo com todos os relatos da imprensa internacional, Tae Jeong conta que os veículos midiáticos sul-coreanos estão monitorando a situação na Coreia do Norte e que a presença das tropas norte-americanas em seu país transmite segurança. "As tropas americanas estão sempre presentes em estações na Coreia do Sul e no Japão. Outro fato que nos acalma é a descrença de que nosso vizinho venha a tomar uma decisão que possa acarretar o colapso de ambas as nações", explica.
Jeong destaca que na última viagem que fez à Coreia do Sul trouxe a família consigo, com exceção de seu filho que permanece no país. Ainda assim, o executivo garante que não os trouxe por medo de ataque. "Eu trouxe a minha família para o Brasil para que eles vivessem comigo, mas este era o plano desde sempre. Não traria alguém por medo da situação, uma vez que, como eu expliquei anteriormente, esta situação é bem recorrente e encarada por nós, como um jogo de barganha. Neste caso, com algum objetivo junto aos Estados Unidos". E completa: "Eu, por exemplo, sempre falo com meus parentes que estão na Coreia, incluindo o meu filho que ficou lá por causa da faculdade e, acredite ou não, a gente nunca falou sobre isso", relata.
Ameaças viraram "assunto de mesa" para sul-coreanos
Outro
sul-coreano que reside no Ceará, neste caso, desde outubro de 2011,
compartilha o sentimento de tranquilidade diante da situação. Gerente
Sênior do projeto da Companhia Siderúrgica de Pecém, Jong Uk Moon, 47,
sustenta que a atual situação da região não o inquieta, pois, há
anos, a Coreia do Norte adotou este tipo de atitude para conseguir o que
deseja. "Na realidade, este assunto já virou "conversa de mesa", se
comenta nas rodas de discussão, mas sempre com um tom leve, levantando
questões como a estratégia adotada e os objetivos "da vez". E completa:
"toda a minha família permaneceu na Coreia e eu os visito a cada quatro
meses. Estou prestes a sair de férias e a situação não me inquieta".Moon deve visitar familiares em breve na Coreia do Sul e afirma não sentir medo da situação FOTO: Divulgação
Jong Uk Moon, natural da cidade Pohang, conta que desde o começo do "conflito verbal" entre as duas nações os colegas de trabalho brasileiros têm perguntado a ele sobre seu sentimento. "A verdade é que isto me deixou curioso, uma vez que para nós, sul-coreanos, esta situação não se apresenta como uma ameaça real", explica.
Atualmente, muitos coreanos residem no Ceará devido à implantação da Companhia Siderúrgica de Pecém. A escolha por eles se deve ao fato de já possuírem experiência no setor siderúrgico, já que a Posco é a terceira maior produtora de aço do mundo.
Estudante cearense relata clima em que vive na Coreia do Sul
A
cearense, Gabriela Santana, bolsista do mestrado em linguística do
National Institute for International Education (NIIED), da Chungnam
National University, em Daejeon, relata que a populaço sul-coreana vive um clima ameno. "Eu estou mais segura na Coreia do que no Brasil. Os coreanos aqui não discutem sobre isso".Estudante conta sul-coreanos estão tranquilos e que tensão vem direto do Brasil FOTO: Divulgação
De acordo com a estudante cearense, os meios de comunicação brasileiros estão dando mais importância a isso do que os sul-coreanos. "Neste ano, está tendo uma repercussão diferente, por conta do novo ditador norte-coreano e da nova presidente da Coreia do Sul, mas acredito que a tensão vem direto do Brasil. Aqui, a minha preocupação, por exemplo, é com meu teste de proficiência”, brinca.
Gabriela explica que os pais estão despreocupados com a situação do país em que vive. "Estão cientes, eu converso com eles. Por exemplo, só nesta semana, um professor nosso da Universidade veio se dar conta da tensão no exterior a respeito dessa ameaça com mísseis", explica.